CHT , pirômetro (EGT), qual o melhor?

Bem vindos a mais um capítulo dos nossos artigos, hoje falaremos brevemente sobre acerto de motores!
Claro que este assunto é vasto e passaria por muitas faces, parte de ajustes mecânicos, retífica, balanceamento, resistência de materiais entre tantos outros, mas hoje, o nosso caso refere-se parte de ajustes da injeção eletrônica e como podemos utilizar os recursos existentes hoje para buscar o melhor acerto.

O melhor acerto, neste caso refere-se àquele que traz, desempenho, consumo e durabilidade, claro que em carros de competição a durabilidade acaba sendo prejudicada devido aos elevados índices de potência.

Toda esta história começa através das centrais de injeção eletrônicas originais, com o sistema chamado de “CLOSED LOOP”, hoje também chamado de malha fechada.

Sistema CLOSED LOOP/ MALHA FECHADA, sonda lambda.

Na figura acima podemos visualizar que os sinais da sonda lambda 1, antes do catalisador, e sonda lambda 2, após catalisador, enviam os sinais para a central de injeção eletrônica, servindo assim para que a central, altere a estratégia de tempo de injeção e outros parâmetros.

Só por isso, conseguimos notar a importância do sistema, em veículos originais antigos o CLOSED LOOP com a sonda funcionavam apenas em situações de regimes parciais, desconsiderando os valores de sonda durante aceleração 100% (WOT = wide open throttle).
Os valores armazenados de “short term fuel trim” e “long term fuel” trim eram utilizados para o cálculo,

Com o aumento da capacidade de processamento, novas rotinas internas, muita coisa mudou, a sonda passou a possuir o “sistema wide” que permite leituras muito mais precisas melhorando assim, consumo, potência e emissão de poluentes.

Hoje a injeção eletrônica utiliza diversos “closed loops” para monitorar e ajustar conforme a demanda escrita em sua memória.

Para isto existem os “alvos”, valores tabelados na central sobre sonda, avanço de ignição, pressão de combustível, temperatura do arrefecimento, etc.

A tradução literal para o CHT, não estamos falando do motor da Ford utilizado em Scort, Corcel e Delrey!
Mas sim, é temperatura no cilindro, considerando a parte onde a mistura gera mais temperatura, no cabeçote.

De forma geral o CHT “demonstra” o que está acontecendo durante o processo de combustão dentro do cilindro antes da abertura da válvulas de escape, em contrapartida o EGT, informa o que está acontecendo no ciclo de exaustão do motor depois da abertura da válvula de exaustão.

  • O CHT, mensura a energia térmica desperdiçada durante a fase de combustão, no momento de maior stress do cilindro, com altas temperaturas e pressão.
  • O EGT, mede a energia térmica, desperdiçada durante a fase de exaustão, com baixas pressões.

Parar uma durabilidade saudável é indicado que a temperatura do cilindro, CHT, esteja entre 180 °C e 205 ° C, valores acima disto geralmente são prejudiciais para o motor, causando muito stress nos componentes interno ligados diretamente ao aumento da temperatura.

O EGT então informa ao preparador como a energia da queima está sendo gerenciada, se está sendo desperdiçada ou aproveitada, isso é mais crítico ainda em motores turbo, na qual a densidade da exaustão influenciam na energia entregue ao turbo compressor.
De maneira geral o CHT é muito mais crítico para a durabilidade do que o EGT, portanto a manutenção correta dos valores é de vital importância para o motor.

Temperatura cima dos 900° C são na maioria dos casos críticos para os turbo compressores, principalmente com variações de altitude.

Porsche 911 RSR 1974, com o turbo “brilhando”.

O que pode alterar o CHT ?

As alterações da pressão interna e temperatura podem alterar muito o CHT, devemos lembrar que o pico máximo de pressão interna no cilindro gerada no processo de combustão por regra geral deve acontecer em um ângulo do virabrequim após o PMS (ponto morto superior), entre 15° e 20°, este ponto é chamado de θ pp.

Portanto, quanto mais perto do PMS este ponto ocorrer, maior será o CHT, e quanto mais longe do PMS menor será o valor.
Neste momento você lembrar que o avanço de ignição é e vital importância para que isto seja controlado, quando avançamos a ignição adiantaremos o ponto θ pp, fazendo com que o valor do CHT seja maior, ao mesmo passo se atrasarmos o “ponto” de ignição teremos uma diminuição deste valor.

Mas e a mistura ar/combustível?
Ah sim, os valores de estequiometria são também muito importantes para que o processo de queima ocorra da melhor maneira, geralmente misturas um pouco mais “ricas” que as estequiométricas aceleram o processo de combustão,

Certo Luciano, mas e isto não afeta o EGT também?

O que pode alterar a EGT?
De maneira geral o que mais afeta o EGT é a mistura ar/combustível, o avanço de ignição também, mas em uma menor proporção.
Aqui devemos lembrar da estequiometria da mistura, cada combustível possui a sua estequiometria lembram?
Etanol, metanol, gasolina, diesel e qualquer outro combustível possui um valor estequiométrico!

Para entender como o ajuste do EGT funciona devemos lembrar sempre da mistura ar/combustível.

Instalação da EGT na exaustão do cilindro.

A distância indicada para a instalação em veículos de competição, 2,5 cm a 5 cm de distância do cabeçote, em veículos originais (OEM) é instalado mais afastado e definido pelo setor de engenharia de desenvolvimento de powertrain, geralmente está mais ligado a eficiência de catalisador ou DPF nos veículos turbo diesel.

O melhor ajuste do EGT de dá com o que os americanos chamam de “PEAK EGT“, ou seja, temperatura de pico!
Isto se deve a um conceito que a melhor temperatura será lida pela EGT quando existir equilíbrio entre a quantidade de ar e quantidade de combustível na exaustão.

Este permite com que se defina que a estequiometria da mistura se dará no momento do “PEAK EGT”.

Representação da temperatura do gás do escapamento x mistura.

Full Rich = extremamente rico, Fuel cooling = resfriamento da exaustão por combustível, Air cooling = resfriamento da exaustão por ar.
Lean misfire = falha de ignição por mistura pobre.
Podemos notar que no topo após o PEAK EGT, temos um triangulo preto, indica a possibilidade variada que os motores tem de queimar mistura pobre. Uma mistura mais pobre pode derrubar o pico de EGT ou torná-lo plano, contudo este comportamento deve ser evitado.

Para obter o máximo de potência, recomenda-se para alguns motores trabalhar com 37ºC a menos que a TEMPERATURA DE PICO DE EGT, o melhor seria fazer teste em um dinamômetro confiável para estabelecer a relação para o motor em teste.

Portanto os valores de EGT irão variar conforme a utilização do veículo, WOT ou regimes parciais, de maneira geral nos regimes parciais são previstos que a mistura trabalhe na estequiometria do combustível.

Lembrando que qualquer alteração nos valores de EGT afetarão, potência, economia, emissão de gazes e durabilidade do motor.

Amarok V6, Downpipe antes da instalação e mapa STAGE 2.

Acima, na flecha amarela o local de instalação da onda, na flecha vermelha a instalação do pirômetro (EGT).
Podemos notar que no caso da Amarok, a sonda fica muito perto da saída da turbina, e o EGT fica bem distante, embaixo da Amarok.

No caso da Amarok, a maioria dos mapas de EGT mostram um valor limite de 820ºC, no caso do STAGE 2, aumentamos um pouco este valor devido a utilização, mas não extrapolamos os valores para manter a segurança.

Para carros de competição se utiliza um EGT por cilindro, facilitando o controle de temperatura e permitindo correção individual se o sistema de injeção instalado permitir.

As vantagens da EGT quando comparados a outro sistema como sonda, recai sobre a velocidade de resposta, além da durabilidade maior que sistema de de medição lambda, em carros de competição de alto desempenho, você notará a existência e um EGT por cilindro e a utilização de uma sonda para todo o conjunto.



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